“Padrinho Harlem” não é uma série de crimes típica. Isso porque traz a história real de Bumpy Johnson, um mafioso americano que se tornou famoso não apenas por seu império criminoso, mas também por sua amizade com o ativista Malco X.
A série chega ao Brasil nesta sexta-feira, via Fox Premium (que pode ser assinado jogos), Isto é Twitter conversei com Chris Brancato, um de seus criadores. Chris também foi responsável por “Narcos”, o que significa: a ascensão e queda de criminosos notórios, ele entende.
Nem tudo é preto e branco
“O Poderoso Chefão do Harlem” começa quando Johnson (vencedor do Oscar Forest Whitaker) retorna a Nova York depois de uma década na prisão de Alcatraz, em todo o país, por envolvimento com drogas. Infelizmente, ele encontra o Harlem dominado pela máfia italiana, liderada por Vincente Gigante (Vincent D’onofrio, Wilson Fisk, de “Demolidor”) e uma heroína.
E foi essa relação entre os mafiosos e a comunidade que despertou o interesse de Brancat na série.
Ele foi generoso. De certa forma, era Robin Hood. Ele pagou pela educação das crianças, pagou o aluguel e alimentou as pessoas. Ele era muito intelectual, ele era um poeta. Ele também era um líder criminoso.
A luta pelos direitos civis
A série tem como pano de fundo o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos – que não poderia ter sido mais atual, dada a onda de protestos anti-racistas e contra a violência policial que se espalhou pelo mundo desde a morte de George Floyd.
Conversamos não apenas sobre como as coisas estavam indo naquela época, mas também sobre como estão as coisas agora, sobre minorias e suas relações com a polícia. Nossa série explora esses problemas.
Isso também se reflete no personagem principal. “Bumpy percebe o movimento como algo ruim para os negócios, mas é forçado a examinar suas próprias ações à luz do progresso de sua comunidade”, explica Brancato.
Parentesco com Malco X
E para isso, a chave é um relacionamento com Malco X (Nigel Thatch). A amizade entre os dois se originou de longe, quando o ativista ainda estava cometendo crimes menores nas ruas do Harlem. “Esses dois homens jogaram xadrez juntos na tarde de domingo e se influenciaram”, diz o showrunner.
Quando Malcom saiu [grupo] Uma nação do Islã, Bumpy forneceu proteção contra muitos dos inimigos que ele tinha. E Malcom influenciou bastante a maneira como Bumpy via os movimentos dos direitos civis e sua própria atitude em relação ao crime.
O ativista morreu em 1965, apenas algumas semanas depois de pedir a Johnson para remover os guardas que o acompanhavam, segundo a revista Time. O relacionamento com eles pode ser negativo, Malcom acreditava.
Mas sem ele, Brancato acredita que a história de Bumpy seria muito diferente – especialmente seu relacionamento com o Harlem.
Bumpy seria um homem de olhos vendados. Costumamos chamar a série de “educação de Bumpy Johnson” por causa do que ele aprendeu com Malcolm.
Bumpy vs. Pablo Escobar
Brancato foi o criador de “Narcos”, uma série que em suas primeiras temporadas retratava a ascensão e queda de outro criminoso conhecido: o colombiano Pablo Escobar.
Mas Pablo, interpretado por Wagner Moura na série Netflix, era um ser muito diferente de Bumpy, segundo o roteirista e produtor.
Pablo era um psicopata, um assassino em massa que estava disposto a se envolver no terrorismo das drogas. Bumpy não era um psicopata. Ele era um gangster que seguia o código. Ele poderia ter sido brutal, mas nunca criou uma campanha terrorista contra o estado ou a comunidade.
“Padrinho do Harlem” será transmitido na sexta-feira às 10h15.