O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu nesta sexta-feira (5) que a polícia do Rio de Janeiro só poderá realizar operações comunitárias durante uma nova pandemia de coronavírus “em casos absolutamente excepcionais”.
O ministro afirmou ainda que as situações em que uma operação é necessária devem ser justificadas por escrito pela autoridade competente e imediatamente notificadas ao Ministério Público da República da Iugoslávia.
Além disso, Fachin forçou as forças de segurança a estarem “extremamente preocupadas” com essas ações e que a pessoa responsável “deve determiná-las por escrito”.
O objetivo, dizem os ministros, é “não colocar em risco uma população ainda maior, fornecer serviços públicos de saúde e implementar ajuda humanitária”, diz ele. Quem não cumpre as disposições está sujeito a responsabilidade civil e criminal, alerta o ministro.
Fachin respondeu a uma solicitação do PSB em uma ação na qual o partido questionou a política de segurança do governador Wilson Witzel (PSC).
O caso começou a ser avaliado em uma sessão plenária virtual do tribunal em abril, mas foi interrompido depois que o ministro Alexandre de Moraes pediu uma opinião.
Até agora, o único a votar foi Fachin, o repórter da história. Seu voto foi mais abrangente do que a proibição anterior na sexta-feira.
Na sessão plenária, o ministro propôs uma série de procedimentos para combater o crime no Rio, por exemplo, o uso de helicópteros nas operações policiais deve ser limitado e usado “apenas em caso de necessidades estritas”, o que deve ser confirmado posteriormente por um relatório detalhado.
Na votação, Fachin também argumentou que a polícia civil deveria ser investigada por crimes cometidos pelos próprios membros da corporação. Para isso, o ministro se defendeu que todas as ofensas criminais nas quais há suspeita de envolvimento de agentes de segurança deveriam ser investigadas pelo Ministério.
O ministro chegou a prever que o MP daria prioridade aos casos de sacrifício de crianças, como aconteceu no mês passado com João Pedro, de 14 anos, morto durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ) e Ágatha Félix, filmada no Complexo do Alemão em setembro de 2019.
Além disso, se o voto de Fachin prevalecer, o governo fluminense terá que desenvolver protocolos de comunicação confidenciais entre as forças de segurança e as instalações educacionais e de saúde. A idéia, disse Fachin, é que os líderes das unidades, logo após o início das operações policiais, tenham tempo para reduzir o risco à integridade física das pessoas sob sua responsabilidade.
Por outro lado, em um julgamento que quebrou o ponto de vista de Moraes, Fachin se opôs a forçar o executivo do RJ a enviar ao STF um plano para reduzir a mortalidade policial e monitorar as forças de violações dos direitos humanos sem no máximo 90 dias.
O ministro também rejeitou um pedido para proibir o judiciário no Rio de emitir ordens coletivas ou gerais de busca e apreensão.
Fachin também defendeu a manutenção do sigilo de todos os protocolos de ação policial do Estado.
Os advogados Daniel Sarmento e Ademar Borges representaram o PSB no processo. Nesta semana, eles entraram com uma solicitação a Fachin para proibir o caso, caso dados do Observatório da Rede de Segurança do RJ apontassem que o aumento de 57,9% nas mortes foi resultado de ações policiais em abril de 2020. em comparação com o mesmo mês em 2019.
“A polícia do Rio de Janeiro praticou genocídio entre a população negra. Infelizmente, isso aumentou durante a pandemia, quando o número de ataques policiais na favela e fatalmente drasticamente. A decisão revela que vidas negras são importantes. Deve ser comemorado como um ponto de virada. Defesa” direitos humanos e igualdade racial ”, dizem eles.