Alexandra Baldeh Loras viu seu nome nas mídias sociais ontem à noite, depois de participar do programa “CNN 360º” na CNN Brasil. A ativista chamou atenção, ao ver William Waack, demitido do Globe, depois de vazar um comentário racista, e agora a CNN está discutindo o racismo.
E o ex-consulado francês no Brasil, Alexandre Loras, que deu vida à CNN, explodindo com o papel de William Waack, demitido da Globo por comentários racistas, em comentários sobre protestos anti-racistas nos Estados Unidos? pic.twitter.com/Pgh5LDrExt
– William De Lucca (@delucca) 2 de junho de 2020
Hoje, a CNN e toda a mídia brasileira têm o poder de convidar acadêmicos negros para falar sobre esse tópico. Quando vejo William Waack, que foi enviado por causa de um episódio de racismo, ele está discutindo o racismo há tanto tempo hoje … Acho que devemos convidar os negros a discutir essas questões também.
Alexandra, francesa nascida em Paris, vem de uma família de influências muçulmanas e judias. Formada em jornalismo e mestre em ciência política pelo prestigiado Institut d’Études Politiques em Paris, mais conhecido como Sciences Po, Alexandra iniciou sua carreira como apresentadora de TV na França em 2007 e em 2012 mudou-se com o marido para o Brasil, Damien Loras, então cônsul francês em país.
Aproveitando seu tempo no Brasil, a jornalista e ex-cônsul se comprometeu a entrar em questões raciais e se tornou uma das vozes mais influentes na luta contra o racismo.
Eu viajei para 50 países e morei em oito deles. O Brasil é o segundo com a maior população de negros, depois da Nigéria. Quando cheguei aqui e liguei a TV, não vi negros em desenhos animados, novelas ou notícias na TV. Não em cargo público. Apenas 4%. Por isso concluí que é o país mais racista do mundo.
Alexandra Loras, em entrevista ao canal UM BRASIL
Mesmo após a conclusão da missão diplomática em 2016, Alexandra e seu marido decidiram continuar morando no Brasil. Em 2017, ela causou polêmica ao anunciar a exposição “Pourquoi Dog?” (por que não?), em São Paulo, com imagens modificadas de personalidades brasileiras como Xux e Silvio Santos, como se fossem negras. O trabalho foi acusado de superfícies pretas na época, que é a prática de pintar de branco de preto.
Quero refutar o apartheid que vivia no Brasil a partir de uma narrativa estética. Mostrar como o genocídio da população negra e as várias oportunidades oferecidas às crianças negras afetam a falta de representação nos espaços públicos.
Alexandra mora em São Paulo com sua família, é autora de livros comemorando a razão racial e também dedica seu tempo a palestras e consultas em empresas sobre diversidade racial e empoderamento das mulheres.
Com sua plataforma Protagonizo, Alexandra ajudou mais de 400 negros a contratar empresas multinacionais. Ela também é embaixadora de programas como o Plano de Menina, um projeto social criado em 2017 que oferece aulas gratuitas de auto-estima, empreendedorismo, liderança, finanças e vida digital para adolescentes da periferia.
Por exemplo, quando cheguei ao Brasil, nem imaginava que me tornaria aquela mulher com respeitabilidade, que poderia subir ao palco e conversar com outras mulheres. Agora vejo que minha voz tem eco, mas eu tinha 38 anos. Toda pessoa tem uma história para contar, um episódio de superação. É importante sonhar grande e entrar em sonhos.
Alexandra Loras, em entrevista à revista Donna, em 2019